Morte de estudante: após confessar crime, adolescente diz que se assustou e atirou
Jovem de 17 anos teria atirado após Charles se negar a dar chave de carro e entrado em luta corporal com o outro assaltante
“Fui ganhar um dinheiro e aconteceu
isso aí. Foi a mente fraca”. Foi assim que Lailson Santos dos Santos,
20 anos, definiu o crime que resultou na morte do estudante de Medicina
Veterinária Charles Muller Silva dos Santos, 21, na última sexta-feira.
Lailson é um dos acusados de participar da morte do
estudante, ao lado de um adolescente de 17 anos. A dupla foi encontrada
em pontos diferentes da capital, na manhã de ontem. Segundo a polícia,
eles roubaram o carro de Charles, que estava estacionado em frente à
residência estudantil da Universidade Federal da Bahia (Ufba), na Av.
Garibaldi.
Charles foi morto durante um assalto
nesta sexta-feira (28) |
De
acordo com o delegado Marcelo Sansão, titular da 1ª Delegacia de
Homicídios, a dupla confessou o crime. Lailson foi apresentado pela
polícia ontem e o adolescente foi encaminhado à Delegacia do Adolescente
Infrator (DAI).
"Um
diz que o outro anunciou o assalto, e vice-versa, mas a versão dos dois
é a mesma quando dizem que o menor (de idade) teria atirado", conta
Sansão. Charles foi morto com um tiro nas costas.
Tanto
Lailson, quanto o adolescente, dizem que o estudante da Ufba teria
reagido, de acordo com o major Luís Paraíso, comandante da 13ª Companhia
Independente da Polícia Militar (Pituba). “O menor fazia a segurança,
enquanto o outro (Lailson) foi dar a voz de assalto. Os dois afirmam que
Charles e Lailson teriam entrado em luta corporal e o menor diz que se
assustou e atirou”, explica o delegado.
Ainda assim, não há certeza de que o adolescente
tenha sido o autor do disparo. “A gente sabe que pode existir a intenção
de jogar a responsabilidade no mais novo, pela pena”, analisa Sansão. O
adolescente deve responder por ato infracional - o crime praticado por
crianças e adolescentes.
Reconstituição
Na noite de sexta, a dupla pegou um táxi no Engenho
Velho da Federação. “Eles pediram para ir até o Rio Vermelho e seguiram
pela (avenida) Cardeal da Silva. Só que decidiram fazer um desvio para
chegar à Garibaldi. Nisso, avistaram o carro e decidiram assaltar a
vítima”, descreve o delegado. “Eles alegam que o taxista não tinha
conhecimento de nada. Ele (o taxista) foi embora imediatamente”,
completa.
Lailson, 20, é apresentado pela polícia. Comparsa foi levado para a DAI
(Foto: Betto Jr) |
A
polícia ainda tenta localizar o dono do táxi, modelo Space Fox, que
conduzia os criminosos. “É cedo para afirmar qualquer coisa sobre a
participação dele”, pontua Sansão. Durante a apresentação, Lailson negou
que o taxista tivesse participado da ação: “Nem conheço”.
Empregado
Os
autores do crime foram identificados após denúncias anônimas e através
de um informante da Polícia Militar, segundo o major Paraíso. Assim,
desde as 7h da manhã de ontem, uma guarnição da PM já esperava Lailson
chegar ao trabalho, em Patamares.
Às 10h, ele foi preso. “Ele trabalha como auxiliar
de serviços gerais em uma empresa de limpeza”, conta o major. Lá, ele
tinha a carteira de trabalho assinada e recebia um salário de R$ 1,2
mil, além de um seguro de saúde. Contudo, para o suspeito, o dinheiro
que recebia no trabalho não era suficiente. “Trabalho, mas vou ter um
filho. A mente fraca, né?”, alega Lailson.
Depois, foi a vez do adolescente, que teve o
paradeiro revelado pelo colega. Pouco antes do meio dia, ele foi
apreendido em um ponto de ônibus em frente à Universidade Católica
(Ucsal), na Federação. “Ele ficou sabendo que Lailson tinha sido preso e
planejava fugir”, revela Paraíso.
Policial observa veículo Celta, deixado pelos criminosos em Amaralina
(Foto: Amana Dultra) |
Vizinhos
Os dois moravam no Engenho Velho da Federação.
Vizinhos, eram parceiros de outros crimes. Em janeiro de 2013, após
roubarem um carro, foram pegos pela polícia. Preso, Lailson foi solto
dias após e o adolescente liberado pela Justiça.
Com o carro de Charles, eles planejavam assaltar
comerciantes. Porém, após a repercussão do crime, os planos mudaram. No
sábado, o carro foi abandonado na Praça do Budião, em Amaralina. Lá,
ficou até a tarde de ontem, quando a polícia o encontrou.
Tanto a chave do veículo quanto a arma do crime -
segundo os suspeitos, um revólver calibre 38 - teriam sido jogadas no
mar. O menor disse à polícia que a arma era emprestada.
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